quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Não sei sobre o que é isso

Desejei, assim como se deseja o ar ou a comida após quarenta dias de exílio, trancafiado entre muros de um presídio sem grades.
Havia pena, enorme pena a se cumprir. Pena que se sente de si, dos outros, da vida, e que nos faz calar perante as injustiças.
Não havia lágrimas, pois para tê-las era necessário existir dor, e já havíamos passado do estado da aflição há tempos.
Carecíamos de pagar nossos pecados, mas quem haveria de nos cobrar o que devemos a nós mesmos?



As rádios tocam Bach e Beethoven para homens surdos. Desperdício? Não, creio que não.
Vi por anos a fio telas serem pintadas com cores do mais puro escarlate para animais cegos, e elas não são menos arte porque não foram admiradas por quem não soube ver.

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